sexta-feira, 10 de abril de 2015

A casa das sete mulheres


O que tem haver este livro com gastronomia???
Tudo!!!
Mas antes, peço que leiam algumas considerações sobre esta obra prima.
Este romance escrito por Letícia Wierzchowski, mostra a guerra dos Farrapos ( 1835- 1845 ), a mais longa guerra civil do continente - Tinha como líder do movimento o General Bento Gonçalves da Silva.
O General isolou as mulheres de sua família em uma estância afastada das áreas em conflito com o propósito de protegê-las e é neste momento que começam as histórias dessas mulheres, narradas por Manuela,conhecida como  a eterna noiva de Garibaldi. Aqui cada uma vivendo o amor, as tristezas, a solidão, as perdas, a intuição, as alegrias, a esperança de uma maneira muito particular.


 Manuela


" As mulheres é que ficam, é que guardam. Nove meses, uma vida inteira. Arrastando os dias feito móveis velhos, as mulheres aguardam... Como um muro, é assim que uma mulher do pampa espera pelo seu homem. Que nenhuma tempestade a derrube, que nenhum vento a vergue, o seu homem haverá de necessitar de uma sombra quando voltar para casa, se voltar para casa..."

Aqui a comida é simples, é caseira, tem cheiro de avó, a que conforta qualquer coração, partido ou não.
A mesa grande com seu charque, carne de panela, o aipim cozido na manteiga, o arroz e feijão.
 Em dia de festa, com a gaita puxando uma vaneira , tem o churrasco e o ponche para matar a sede, sem esquecer dos doces, a ambrosia, o doce de abóbora, a pessegada para lembrar da infância.

" A ambrosia brilhava feito ouro em seu recipiente de cristal, a comilança seguia seu ritmo e seu passo, o ponche era bebido aos sorvos para espantar o calor das conversas e dos anseios".

" Dona Ana gostava de ficar à beira do fogão. Quando estava angustiada com qualquer coisa, então , era um santo remédio. Mexer e remexer o tacho. Deixar a cabeça varar pelos pensamentos, sem pouso ou questão. Tudo o que importava era a cor do doce, o ponto, o gosto. O prazer de vê-lo dourar e ganhar cor e consistência. A mão executando o movimento ideal, nem mexendo mui rápido, nem lento demais. Como a mãe le tinha ensinado quando era ainda uma meninota de meias curtas".

Alguém aí se reconhece nela???? Rsrsrsrs
Nossa história esta aqui, nossas raízes, nossa cultura e nossas próximas gerações também.
Este livro me mostrou como repetimos padrões, seja na culinária ou na vida mesmo, pois temos os mesmos sonhos de outrora.


livro: A casa das sete mulheres
Autora: Leticia Wierzchowski